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Foto Divulgação: Viki |
Há doramas que nos conquistam no primeiro episódio, outros vão ganhando nosso coração aos poucos... e existem aqueles que causam um misto de emoções desde o começo. “Filter”, o novo C-drama disponível no Rakuten Viki, definitivamente pertence ao último grupo. Com uma premissa curiosa e uma proposta que toca em temas delicados como autoimagem, superficialidade e identidade, a série promete entreter, emocionar e, acima de tudo, gerar discussão. E foi exatamente isso que aconteceu comigo — e com muitas outras dorameiras.
Logo nos primeiros episódios, confesso: criei um certo ranço do protagonista masculino. Sua postura arrogante, as falas duras e os julgamentos superficiais sobre a aparência da protagonista me incomodaram. Era difícil torcer por um casal quando uma das partes estava constantemente humilhando a outra. E essa sensação, pelo que vi, não foi só minha. Muitas espectadoras também expressaram frustração com o comportamento do personagem masculino, especialmente diante da aparência “original” da protagonista. Isso levantou um ponto importante e polêmico: até que ponto a aparência influencia nos relacionamentos e como as produções dramáticas asiáticas lidam com esse tema?
Para quem ainda não conhece a história, “Filter” gira em torno de Su Cheng Cheng, uma mulher comum que, graças a um bracelete de alta tecnologia, passa a ter a habilidade de mudar sua aparência. Ao assumir diferentes identidades, ela decide usar essa habilidade para ajudar outras pessoas. No entanto, o que começa como uma boa ação acaba se tornando uma teia de mentiras quando Tang Qi, o protagonista masculino, começa a se apaixonar por cada uma das “versões” de Cheng Cheng — sem saber que, por trás de todas elas, está sempre a mesma mulher. O dilema cresce: será que ele conseguiria amá-la se visse quem ela realmente é?
Essa dualidade mexeu com o público. Enquanto algumas dorameiras vibraram com a leveza da comédia romântica, os momentos engraçados e os mal-entendidos clássicos do gênero, outras ficaram incomodadas com a forma como a questão da aparência era abordada. Muitos comentários apontaram que o dorama parecia mais reforçar a ideia de que a beleza externa tem mais peso que o caráter — um argumento que vai de encontro à proposta de empoderamento e autoaceitação que tantas outras produções vêm tentando construir.
Houve quem dissesse que quase desistiu da série no segundo episódio por não aguentar o comportamento tóxico do protagonista. Algumas sentiram-se desconfortáveis com o tom das críticas à aparência da personagem principal, questionando se a série realmente queria passar uma mensagem sobre aceitação ou se estava apenas reforçando padrões de beleza inalcançáveis. “Por que ela precisa ser outra pessoa para ser aceita?”, foi uma das perguntas mais repetidas.
Por outro lado, há também quem defenda o desenvolvimento do personagem masculino. Algumas espectadoras apontam que ele melhora ao longo da trama e que o ranço inicial é sinal de um bom trabalho do ator — afinal, provocar emoções intensas também é um mérito. Para essas fãs, o dorama se destaca pela originalidade, pelas reviravoltas divertidas e pela leveza com que trata temas sérios. E, claro, há o grupo das que simplesmente amaram tudo desde o início: riram, choraram e terminaram a série com o coração quentinho.
Apesar da divisão de opiniões, uma coisa é inegável: “Filter” conseguiu prender a atenção do público. Comentários apaixonados exaltam a química do casal, a beleza do elenco e o carisma das personagens. Outros, mais críticos, apontam falhas no roteiro, incoerências no desenvolvimento do romance e até mesmo mensagens controversas. Mas, acima de tudo, “Filter” gerou conversa — e isso, por si só, já é um feito relevante no mundo dos doramas, onde tantas histórias passam despercebidas.
No fim, talvez esse seja o verdadeiro charme da série: nos fazer refletir. Até onde vai a importância da aparência? É possível amar alguém por quem ela é, mesmo quando a primeira impressão foi construída sobre uma mentira? E, mais importante, como lidamos com a nossa própria autoimagem? “Filter” pode não ter todas as respostas — e nem precisa ter. Mas, ao colocar essas questões em pauta, se torna mais do que apenas uma comédia romântica com toques de ficção científica. Ele vira um espelho, onde cada espectador enxerga um pouco de si.
Se você é do time que valoriza tramas diferentes, temas provocativos e atuações que despertam emoções fortes (positivas ou não), talvez valha a pena dar uma chance a “Filter”. E, quem sabe, como aconteceu comigo, o ranço do início se transforme em surpresa — ou pelo menos em uma boa história para contar.
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